segunda-feira, 30 de julho de 2007

Winterof87, Im Not Dead

Vetor by Winterof87

Meu Olhar (Fernando Pessoa)

"Porque tudo é como é e assim é que é, E eu aceito, e nem agradeço. Para não parecer que penso nisso."

Manitu, Dotted

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Alcoólicas (Trecho de, Hilda Hilst)
Se um dia te afastares de mim, Vida — o que não creio. Porque algumas intensidades têm a parecença da bebida — Bebe por mim paixão e turbulência, caminha Onde houver uvas e papoulas negras (inventa-as) Recorda-me, Vida: passeia meu casaco, deita-te. Com aquele que sem mim há de sentir um prolongado vazio. Empresta-lhe meu coturno e meu casaco rosso: compreenderá. O porquê de buscar conhecimento na embriaguês da via manifesta. Pervaga. Deita-te comigo. Apreende a experiência lésbica: O êxtase de te deitares contigo. Beba. Estilhaça a tua própria medida.

Virak Rubi, Eye

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O Mais-Que-Perfeito
(Vinicius de Moraes)

Ah, quem me dera ir-me
Contigo agora
Para um horizonte firme (Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me!
Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que não presumes...
Ah, quem me dera amar-te!
Ah, quem me dera ver-te
Sempre a meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais: cuidado...
Ah, quem me dera ver-te!
Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Luis Felipehn, Jack Sparrow


Vetor by Luis Felipehn

"Embriagarmos de amor, de ardor ,de suor, de saliva, de querer! Enebriarmos de desejos, de paixão, de querer. Querer não querendo, desejar não desejando! Quem és tu! Quem sou eu? Que nessa penumbra te vejo chegar nua para mim... Eu desnuda para você! Chegue mais perto para que eu te veja e para que você me reconheça!!!Venha! Te espero tanto e nunca chegas..."

Hoon Taj, Lotus

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"O sofrimento, se excessivo e demorado, deixa-nosinsensíveis à dor"
(Shakespeare)

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Nikx, Amelie Poulain

Vetory by Nikx, Amelie Poulain

A Máscara (Augusto dos Anjos)

Eu sei que há muito pranto na existência, Dores que ferem corações de pedra, E onde a vida borbulha e o sangue medra, Aí existe a mágoa em sua essência. No delírio, porém, da febre ardente. Da ventura fugaz e transitória. O peito rompe a capa tormentória. Para sorrindo palpitar contente. Assim a turba inconsciente passa, Muitos que esgotam do prazer a taça. Sentem no peito a dor indefinida. E entre a mágoa que masc'ra eterna apouca. A humanidade ri-se e ri-se louca. No carnaval intérmino da vida.

Cris Vector, Mohawk

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Serenata (Cecília Meireles)

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

Puncturedscrotum, Fanny Batter

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Este Inferno de Amar (Almeida Garret)

Este inferno de amar – como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há de apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... – foi um sonho –
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar...
Quem veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? – Não no sei;
Mas nesta hora a viver comecei...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Cappuccino, GirlCandy

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Poucos encontram, ou ninguém, o que amam,
ou que amar poderiam, posto que hajam,
um acaso, um contacto cego, e a forte
de amar necessidade removido
antipatias - que a voltar não tardam
c'o veneno de irrevogáveis danos.
E a Circunstância, nume sem espírito,
que só desmancha, ajuda e faz chegarem
nossos males guiando-os com sua vara,
cujo toque a esperança em pó transforma;
pó em que temos todos nós pisado.

A nossa vida é falsa natureza;
não pode entrar das coisas na harmonia,
a dura lei; a mácula indelével
do pecado, esse upás desmesurado,
árvore, cujo veneno destrói tudo
cuja raiz é a terra, cujas folhas
e ramos são os ares, donde chovem
sobre os homens a peste, em vez de orvalho,
moléstias, morte, escravidão, e os males
todos, que vemos, e o pior não visto.
Que o espírito e o coração punge sem tréguas.

(Byron)

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Cappuccino Girl, Doodle

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Bilhete
(Mário Quintana)...........


Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
Deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres, enfim,
... tem de ser bem devagarinho,
... amada,
... que a vida é breve,
... e o amor
... mais breve ainda.

Lilvdzwan, A Pirates Life For Me


Vetor by Lilvdzwan

Lágrimas Ocultas (Florbela Espanca)
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

MLBOA, King James

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Deixa o Olhar do Mundo (Olavo Bilac)
Deixa que o olhar do mundo enfim devasse
Teu grande amor que é teu maior segredo!
Que terias perdido, se, mais cedo,
Todo o afeto que sentes se mostrasse?
Basta de enganos! Mostra-me sem medo.
Aos homens, afrontando-os face a face:
Quero que os homens todos, quando eu passe,
Invejosos, apontem-me com o dedo.
Olha: não posso mais! Ando tão cheio
Deste amor, que minh'alma se consome
De te exaltar aos olhos do universo...
Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:
E, fatigado de calar teu nome,
Quase o revelo no final de um verso.

Burguerqueen, Infrared

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Traduzir-se (Ferreira Gullar)

Uma parte de mim é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mimé multidão:
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera:
outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta:
outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente:
outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem:

outra parte linguagem.
Traduzir-se uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte
- será arte?

Maxyriusbody, Shadows

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Desencanto (Manuel Bandeira)
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue.
Volúpia ardente...
Tristeza esparsa...
remorso vão...
Dói-me nas veias.
Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E neste versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
-Eu faço versos como quem morre.