Vetor by Miss Mary Land
Análise (Fernando Pessoa)
Tão abstrata é a idéia do teu ser. Que me vem de te olhar, que, ao entreter. Os meus olhos nos teus, perco-os de vista, E nada fica em meu olhar, e dista. Teu corpo do meu ver tão longemente, E a idéia do teu ser fica tão rente. Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me. Sabendo que tu és, que, só por ter-me. Consciente de ti, nem a mim sinto. E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto. A ilusão da sensação, e sonho, Não te vendo, nem vendo, nem sabendo. Que te vejo, ou sequer que sou, risonho. Do interior crepúsculo tristonho. Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Tão abstrata é a idéia do teu ser. Que me vem de te olhar, que, ao entreter. Os meus olhos nos teus, perco-os de vista, E nada fica em meu olhar, e dista. Teu corpo do meu ver tão longemente, E a idéia do teu ser fica tão rente. Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me. Sabendo que tu és, que, só por ter-me. Consciente de ti, nem a mim sinto. E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto. A ilusão da sensação, e sonho, Não te vendo, nem vendo, nem sabendo. Que te vejo, ou sequer que sou, risonho. Do interior crepúsculo tristonho. Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
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