quinta-feira, 30 de agosto de 2007

SmurfWreck, H_E_A_R_T_S_P_E_A_K_S

Vetor by SmurfWreck




Alguém Sabe (Nina Koolik)

Você sabe como é
Estar tão só
Que a escuridão e a luz
Se misturam?

Onde as orações caem
No silêncio -

E a ausência de resposta
Penetra sua alma.

Em meio a uma multidão,
Mas completamente sozinho.
Num mundo frio
Que reclama você
Mas depois o empurra
No momento em que você vira as costas.

Onde ninguém entende
O seu passado.
Quando as risadas cortam sua pele
E pregam sua dor na madeira crua.

Quando lágrimas salgadas caem
Para curar a Terra quebrada.
Um amor quebrantado.

Você sabe como é isto?
Alguém sabe.

Machine 56 Vector, Kurt Cobain

Vetor by Machine 56 Vector

Não sei distinguir no céu as várias constelações
(Cecília Meireles )

Se dizem meu nome, atendo por hábito.
Que nome é meu? Ignoro tudo.
Quando alguém diz que sabe alguma coisa,
fico perplexa: ou estará enganado, ou é um farsante -
ou somente eu ignoro e me ignoro desta maneira?
E os homens combatem pelo que julgam saber.
E eu, que estudo tanto, inclino a cabeça sem ilusões
e a minha ignorância enche-me de lágrimas as mãos. (...)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Belldandies, Joanna

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Pouco a Pouco (Alberto Caeiro)

Pouco a pouco o campo se alarga e se doura. A manhã extravia-se pelos irregulares da planície. Sou alheio ao espetáculo que vejo: vejo-o, É exterior a mim. Nenhum sentimento me liga a ele. E é esse sentimento que me liga à manhã que aparece.

Turp, Baby O

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Trova à Maneira Antiga
(Francisco de Sá Miranda)

Comigo me desavim,
sou posto em todo perigo;
não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.

(...)


Que meio espero ou que fim
do vão trabalho que sigo,
pois que trago a mim comigo,
tamanho inimigo de mim?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Pyromania, Ae Shot In The Head

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À VIDA (Marina Tsvetaeva)

Não roubarás minha cor
Vermelha, de rio que estua.
Sou recusa: és caçador.
Persegues: eu sou a fuga.

Não dou minha alma cativa!
Colhido em pleno disparo,
Curva o pescoço o cavalo
Árabe -
E abre a veia da vida
.

Veralena TW, Underwater.

Vetor by Veralena TW, Underwater


OS ANÉIS FATIGADOS (César Vallejo)

Há ânsias de voltar, de amar, de não ausentar-se, e há ânsias de morrer, combatido por duas águas unidas que jamais hão-de istmar-se.

Há ânsias de um beijo enorme que amortalhe a Vida, que acaba na áfrica de uma agonia ardente, suicida!

Há ânsias de... não ter ânsias, Senhor,
a ti aponto-te com o dedo deicida:
há ânsias de não ter tido coração.

A primavera volta, volta e partirá. E Deus,
curvado em tempo, repete-se, e passa, passa
carregando a espinha dorsal do Universo.

Quando as têmporas tocam seu lúgubre tambor,
quando me dói o sonho gravado num punhal, há ânsias de ficar plantado neste verso!

Lee25, Vellum

Vetor by Lee25

"... They're really saying
I love you ..."

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Iamnotfunny, Tell Me Why

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Amor Que Morre (Florbela Espanca)

O nosso amor morreu… Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!


Bem estava a sentir que ele morria…
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre…e loga aponta
A luz doutra miragem fugidia…

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos pra partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor imposível que há-de vir!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Lilvdzwan, Back To Basics

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O SEMPRE AMOR (Adelia Prado)

Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças.
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele podem entalhar me,
sou de pedra sabão.
Alegre ou triste,
amor é a coisa que mais quero.

Studio Cartoon, Paris Hilton

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Quase de nada místico
Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar. E nem deve ter grande
significado este vapor dourado,
e invisível a olhares alheios:
só um pólen a meio, como de abelha
à espera de voar. E não é com certeza
relevante este brilhante aqui:
poeira de diamante que encontrei
pelo verso e por acaso, poema
muito breve e muito raso,
que (aproveitando) trago para ti.

(Ana Luísa Amaral)

Wynahiros, Spiderman: We Were One

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sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Wallace, Hell Car

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VERSOS ÍNTIMOS (Augusto dos Anjos)

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Burguerqueen, Pink Cookie

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"... Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Cê ri da minha pele
Você ri do meu sorriso
A verdade é que você , todo brasileiro
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará crioulo ..."


quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Nashya, Commi


Vetor by Nashya

"Não existe sedativo
para uma dor cultivada
que não morreu quando devia"
(Valter da Rosa Borges)

Rauldrawsen, Otra Parte

Vetor by Rauldrawsen

Vecchio Novo
(Claudio Nucci/Jose Claudio Pereira)

Amor sem pé, nem cabeça. Que vive dentro de nós. Explode tão facilmente. E sem mais nos esquece sós. Quantos e tantos presságios. Que por instantes nos faz. Sentir-se forte e moleque. E estranhamente encarar. Um belo poema novo. Vecchio de tanto amor, amar. Vecchio, encanto novo. Sempre aqui onde está. Ah! Se eu pudesse abarcar. A força d´alma vadia. Como um costume leal. Eu até que não brincaria. Como um poema novo. Vecchio de tanto amor, amar, vecchio, encanto novo. Sempre aqui onde está. Amor sem pé, nem cabeça. Que vive dentro de nós. Explode tão sutilmente. E maroto nos deixa sós, sós...

Jinx Star, Smiles Are Free

Vetor by Jinx Star

O VENENO (Baudelaire)

Sabe o vinho vestir o ambiente mais espúrio.
Com seu luxo prodigioso,
E engendra mais de um pórtico miraculoso
No ouro de um vapor purpúreo,
Como um sol que se põe no ocaso nebuloso.
O ópio dilata o que contornos não tem mais,
Aprofunda o ilimitado,
Alonga o tempo, escava a volúpia e o pecado,
E de prazeres sensuais
Enche a alma para além do que conter lhe é dado.
Mas nada disso vale o veneno que escorre
De teu verde olhar perverso,
Laguna onde minha alma se mira ao inverso...
E meu sonho logo acorre
Para saciar-se nesse abismo em fel imerso.
Nada disso se iguala ao prodígio sombrio. Da tua saliva forte,
Que a alma me impele ao esquecimento num transporte,
E, carreando o desvario,
Desfalecida a arrasta até os umbrais da morte!

Bleedman, Happy Valentine

Vetor by Bleedman


Você Me Ganhou De Presente (Paula Toller)

Você me ganhou de presente. Com laço e etiqueta de garantia. Foi num dia de alegria. Você fez bem o gesto que eu queria. Mas não deu mole. Você não deu mole. Nunca esteve numa de me alcançar. Nem estava no 'mood' de casar. Eu sempre estive à mão, que isso me console. Mas você não. Você não deu mole. Você me ganhou de presente. No laço e na promessa de guarita. Você me sorriu na galeria. E tinha bem o gosto que eu queria, Mas não deu mole. Não deu mole, meu bem. Você não deu mole. Nunca teve medo de me ver partir. Nem vai perder seu tempo pra me desmentir. Nem me criticar. Eu que me controle. Porque você não. Você não dá mole. Se eu chorar, você até se comove. Mas assim já é demais. Nem eu me agüento. Porque eu não dou mole. Eu não dou mole. Não dou mole, meu bem. Também não dou mole...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Odysseyart, Wolverine

Vetor by Odysseyart


"...Seus olhos
Ao invés de verdes
Deveriam ser vermelhos, incandescentes,
Na mão, ao invés de uma rosa
Você deveria ter um tridente..."
(Sandra de Sá)

Kng Zero, The Zebra Shirt

Vetor by Kng Zero


Metade (Adriana Calcanhoto)

Eu perco o chão. Eu não acho as palavras. Eu ando tão triste. Eu ando pela sala. Eu perco a hora. Eu chego no fim. Eu deixo a porta aberta. Eu não moro mais em mim. Eu perco as chaves de casa. Eu perco o freio. Estou em milhares de cacos. Eu estou ao meio. Onde será que você está agora?

Fdlinda, Hidden

Vetor by Fdlinda

Quarto (Solombra) (Cecília Meireles)

Quero uma solidão, quero um silêncio,
uma noite de abismo e a alma inconsútil,
para esquecer que vivo, libertar-me

das paredes, de tudo que aprisiona ;
atravessar demoras, vencer tempos
pululantes de enredos e tropeços,

quebrar limites, extinguir murmúrios,
deixar cair as frívolas colunas
de alegorias vagamente erguidas.

Ser tua sombra, tua sombra, apenas,
e estar vendo e sonhando à tua sombra
a existência do amor ressuscitada.

Falar contigo pelo deserto.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

SERZ Hant, Love Yourself

Vetor by SERZ Hant, Love Yourself

Eu Te Amo (Chico Buarque)

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar,
fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas
eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armários embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica como que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

Verucasalt82, A Dozen Pink Balloons

Vetor by Verucasalt82



Não Sei Distinguir no Céu as Várias Constelações
(Cecília Meireles)

Se dizem meu nome, atendo por hábito.
Que nome é meu? Ignoro tudo.
Quando alguém diz que sabe alguma coisa, fico perplexa: ou estará enganado, ou é um farsante -
ou somente eu ignoro e me ignoro desta maneira?
E os homens combatem pelo que julgam saber.
E eu, que estudo tanto, inclino a cabeça
sem ilusões e a minha ignorância
enche-me de lágrimas as mãos. (...)

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Miss Mary Land, Os Teus Olhos

Vetor by Miss Mary Land

Análise (Fernando Pessoa)

Tão abstrata é a idéia do teu ser. Que me vem de te olhar, que, ao entreter. Os meus olhos nos teus, perco-os de vista, E nada fica em meu olhar, e dista. Teu corpo do meu ver tão longemente, E a idéia do teu ser fica tão rente. Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me. Sabendo que tu és, que, só por ter-me. Consciente de ti, nem a mim sinto. E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto. A ilusão da sensação, e sonho, Não te vendo, nem vendo, nem sabendo. Que te vejo, ou sequer que sou, risonho. Do interior crepúsculo tristonho. Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

Kouji Chan, Tangerine Fruit Flower

Vetor by Kouji Chan


4º MOTIVO DA ROSA (Cecília Meireles)


Não te aflijas com a pétala que voa: também é ser, deixar de ser assim. Rosas verá, só de cinzas franzidas, mortas, intactas pelo teu jardim. Eu deixo aroma até nos meus espinhos ao longe, o vento vai falando de mim. E por perder-me é que vão me lembrando, por desfolhar-me é que não tenho fim.

Biomek, Captain Barbosa



Vetor by Biomek


Das Pedras ( Cora Coralina)

Ajuntei todas as pedras que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta e no alto subi.
Teci um tapete
floreado e no sonho me perdi.
Uma estrada, um leito, uma casa, um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedrascresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam.
Levantei a pedra rudedos meus versos
.